Ela tem relação com o câncer de intestino?
Você sabe a resposta para estas questões tão atuais?
A microbiota intestinal tem sido foco de análise de pesquisas em todo o mundo, assim como já foi estabelecida a correlação da bactéria Helicobacterpylori com o câncer de estômago, objetivando o estabelecimento de uma relação clara entre as bactérias da flora intestinal e o câncer colorretal. Alguns estudos recentes estabeleceram um painel de microorganismos associados ao maior risco de desenvolvimento do câncer colorretal e suas assinaturas metabólicas têm um poder preditivo para a doença. Desta forma, tumores do lado “direito” do intestino têm prognóstico e padrões de sensibilidade a determinadas terapias alvo dirigida diferente de tumores do lado “esquerdo”.
Os enterócitos são as células que revestem o tubo intestinal e absorvem nos protegendo de microorganismos patogênicos e de toxinas geradas. Ao longo desta cobertura da mucosa intestinal, tempos estruturas especializadas na defesa, as chamadas placas de Peyer que permitem a manutenção de microbiota saudável e eliminação de agentes potencialmente patogênicos, mantendo a harmonia entre células intestinas de revestimento e nosso sistema imunológico.
Os cientistas rastrearam as vias de fermentação e putrefação das bactérias que transformam ácidos biliares, que fazem parte dos nossos sucos digestivos, em produtos de seu metabolismo que têm poder cancerígeno. Certas classes de bactérias degradam a colina, nutriente presente na carne, ovos e outros alimentos, o transformando em um metabolito potencialmente perigoso associado a doenças cardiovasculares e ao câncer de cólon, reto e das vias biliares.
Por essa e outras descobertas recentes que buscamosconhecermelhor a relação entre as bactérias “nocivas” e seu equilíbrio com as “benéficas” que colonizam de forma diferente as populações e sua relaçãocom o desenvolvimento de cânceres do trato gastrointestinal e da mama.
Chamamos dedisbiose a existência de desequilíbrio entre onúmero de bactérias intestinais de potencial patogênico em detrimento das bactérias “benéficas”.
As causas deste desequilíbrio estão associadas ao estilo de vida atual das pessoas, presença de patologias autoimunes ou uso de imunodepressores, doenças inflamatórias intestinais e diversos tipos de câncer (trato gastrointestinal e mama).São reconhecidos também como fortes aliados à disbiose estresse, uso de medicamentos que diminuem a acidez estomacal( uso desenfreado de antiácidos e derivados dos “omeprazóis”), má alimentação, uso recorrente de antibióticos, agrotóxicos, poluições e intolerâncias alimentares.
No câncer colon retal, a disbiose gera a rutura da mucosa intestinal, geração de inflamação e altera de vias intracelulares e redução da capacidade imunológicadesta membrana facilitando a proliferação tumoral.
No câncer de mama, a disbiose altera os níveis de estrogênio circulantes. As bactérias desconjugam o estrogênio de outras moléculas e, desta forma,este hormônio circula mais, estando presente em maior concentraçãono tecido mamário e predispondo ao crescimento de tumores locais.
Além disso, a existência de uma microbiota saudável ajuda de forma positiva na resposta aos tratamentos oncológicos como na imunoterapia e reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia.
Os métodos de prevenção e tratamento da disbiose intestinal são praticamente os mesmos. Confira os principais:
- Evite a automedicação;
- Aumente o consumo de frutas e hortaliças orgânicas;
- Mastigue bem os alimentos: a mastigação correta facilita a digestão do alimento no estômago;
- Evite o consumo de doces: o açúcar causa fermentação e destrói bactérias benéficas;
- Em caso de intolerância à lactose, evite o consumo de leite e derivados;
- Evite frituras e alimentos gordurosos;
- Não fume e não consuma bebidas alcoólicas;
- Evite o consumo de alimentos industrializados e defumados;
- Beba água;
- Faça uso de probióticos e prebióticos com orientação médica/nutricional.
Os probióticos são micro-organismos vivos de diferentes espécies, tanto de bactérias, como de leveduras. São encontrados na forma de alimentos convencionais, como os leites fermentados e iogurtes, e na forma de suplementos.Para ser considerado probiótico, o produto precisa atender os critérios da legislação. A bactéria tem que chegar viva ao intestino, portanto, precisa resistir às condições ácidas do estômago. Também precisa ter identificação conhecida, oferecer efeitos benéficos, ser capaz de aderir-se ao intestino e apresentar baixo risco de infecções.
Agora você já sabe a resposta ao tema deste post!
Vamos melhorar nossa saúde intestinal para prevenção de vários tumores!
TatyeneNehrer de Oliveira
Oncologista clínica
Responsável técnica Clínica SOLUS